Idealismo Alemão - Hegel (e Kant) 2º/1982 - Ciência da Lógica/Filosofia do Direito


Fitas de áudio sobre Kant

Curso de 1982 – 2º semestre - Idealismo Alemão – Hegel - Leitura da Ciência da Lógica e da Filosofia do Direito.
21 FITAS. Fitas de 90 minutos. Condições boas de compreensão. UFMG.

Este curso foi colocado na Seção sobre HEGEL, pois efetivamente trata-se de um curso sobre Hegel. No entanto, ao longo de todo o curso Lima Vaz vai fazendo o contraponto de Hegel com Kant. Trata-se de um curso que pode ajudar na leitura de Kant.

Curso Ministrado por Henrique Cláudio de Lima Vaz, 1982
IDEALISMO ALEMÃO - A Ciência da Lógica

Informações sobre o curso:
1. Curso ministrado no segundo semestre de 1982 na Universidade Federal de Minas Gerais. O curso está registrado como um curso de IDEALISMO ALEMÃO. Mas trata-se efetivamente de um curso sobre a Ciência da Lógica de Hegel (mais especificamente de LEITURA de partes da Ciência da Lógica) e de leitura do Prefácio e da Introdução da Filosofia do Direito de Hegel. O conjunto é constituído por 21 fitas. Mas a fita número 20 é a última fita do curso. Na fita 20 Padre Vaz anuncia que ainda faltam algumas aulas, mas elas não foram registradas. Portanto o curso se encerra, sem que a leitura da Introdução da Filosofia do Direito tenha sido concluída. Apesar do anúncio feito na primeira aula de que o curso alcançaria as Lições sobre a Filosofia da História e algo da Fenomenologia do Espírito, estes dois textos não foram trabalhados neste curso.
2. Não há identificação sobre quem gravou o curso. Mas é provável que as fitas tenham sido gravadas e doadas pela Profa. Marilene Brunelli. As fitas estão identificadas apenas com datas. Elas não estavam numeradas, portanto não há como saber com precisão a ordem das fitas senão através das datas e da continuidade do discurso.
3. Número de fitas: 21 fitas cassetes – 90 minutos cada fita
4. Digitalizada em DVD.
5. Bom estado de conservação.
6. Tempo de curso digitalizado – aproximadamente 20 horas
7. Os textos que se seguem são apontamentos esparsos realizados pelo Prof. Dr. Rubens Godoy Sampaio a partir da audição de cada uma das fitas e têm como finalidade servirem como índice para a localização dos tópicos trabalhados ao longo das aulas gravadas.
8. Estes apontamentos não são um resumo do curso, nem a digitação das aulas gravadas.
9. Observações: Considerando a data da digitalização destas fitas, vale notar que as gravações em fitas cassete foram realizadas há 24 anos. Em decorrência do desgaste do tempo, algumas fitas apresentam um certo grau de deterioração que impedem a digitalização total do curso gravado.
10. Digitalizado por Rubens Godoy Sampaio em março de 2006.
11. Neste curso, enquanto trata da Ciência da Lógica, Lima Vaz faz o contraponto de Hegel com Kant o tempo todo. Não obstante se trate de um curso de leitura da Ciência da Lógica o acompanhamento deste curso serve para se aprofundar no pensamento kantiano. A maior diferença entre este curso de 1982 e o curso de 1985 é o confronto constante entre Kant e Hegel. No curso de 1985 a Ciência da Lógica é tratada de uma maneira mais independente da filosofia kantiana.

Fita 01 – A – 45:26
Nesta primeira fita Lima Vaz anuncia que neste curso serão estudados os seguintes textos de Hegel: Ciência da Lógica, Filosofia do Direito, Lições sobre a Filosofia da História e o começo da Fenomenologia do Espírito.
Anúncio da estrutura do curso: a. estrutura conceitual da Ciência da Lógica, b. dialética da liberdade (Filosofia do Direito), c. Dialética e Sistema, d. Dialética e História.
Análise dos dois prefácios da CL e da introdução da CL.
CL de 1812 – Lógica objetiva, lógica do ser e lógica da essência.
CL de 1831 - reedição da CL – lógica subjetiva (lógica do conceito)
Os prefácios se complementam.
1º prefácio – lógica transcendental e lógica dialética.
2º prefácio – lógica dialética e linguagem.
Introdução – refundida na 2ª edição.
Bibliografia. Tradução espanhola de Rodolfo Mondolfo. Boa tradução.
O que nós chamamos de lógica dialética, Hegel chama de CL.
Para Kant a lógica formal está encerrada com Aristóteles e a lógica transcendental (metafísica) não tem alcance real. Para Hegela lógica ficou fora da revolução filosófica kantiana.
A dialética transcendental é a metafísica, o valor ontológico sem valência ontológica, é a metafísica sem a realidade, é a metafísica transformada num sonho da razão, num jogo da razão consigo mesma.

Fita 01 – B - 27:51
Os conceitos do entendimento que precisam da experiência. As categorias sem a intuição são vazias e as intuições sem as categorias são cegas.
O entendimento fica com as categorias.
A razão fica com as antinomias.
Leitura do prefácio da CL.
A interpretação da lógica. Fortalecimento do empirismo.
O conceito em Hegel é o EU penso de Kant tomado como princípio organizador do saber. É a atividade do sujeito pensante como motor interno primeiro da organização do saber – isto é – a dialética para Hegel.
Para Kant: a forma no sujeito e o conteúdo na experiência.
Para Hegel a forma do eu penso já tem um conteúdo que é o próprio sujeito pensante e que vai estender este conteúdo imanente ao mundo circundante.
A importância de Platão e Aristóteles. Novo conceito de ciência filosófica.

Fita 02 – A - 44:37
A CL é uma crítica à crítica transcendental de Kant. A CL é uma tentativa de dar um estatuto crítico adequado ao princípio fundamental dos novos tempos: o eu penso – a prioridade do sujeito.
A este princípio falta a fundamentação científica adequada. § 4º do Prefácio.
§5º - Para Hegel, Kant nunca superou o empirismo.
O conteúdo deve mover-se no processo do conhecimento. Na tradição de Aristóteles a Kant é a forma do conhecimento que dá movimento ao conteúdo. Para Hegel é o conteúdo que deve mover-se (lógica mente). Movimento lógico imanente ao conteúdo.
A logicidade é imanente ao conteúdo. Reflexão do conteúdo sobre si mesmo que põe as próprias determinações
Todo esforço de Hegel é para superar a oposição conteúdo/forma que é a oposição que atravessa toda a história da filosofia de Aristóteles a Kant,
O lógico é o conteúdo mais rico. Pois é ele que dá significação a todo o resto. A razão é negativa e dialética.
A relação entre universal, particular e singular. A razão entendedora e o entendimento racional.
Espírito como síntese de entendimento e razão.

Fita 02 – B - 35:49
Sobre o Método absoluto como movimento absoluto do conceito.
§ 7º. A constituição da filosofia como ciência. A definição do Método dialético na Fenomenologia do Espírito. O conteúdo para a descoberta do método dialético é a experiência que a consciência faz dela mesma no seu saber. A consciência se experimenta sabendo. A Fenomenologia como a tentativa de Hegel para organizar as experiências da consciência.
O prefácio da Ciência da Lógica

Fita 03 – A - 44:37
Ainda no prefácio. Relação entre lógica dialética e a linguagem natural.
§2º - formas do pensamento estão depositadas na linguagem ordinária e se manifestam na linguagem
Através da linguagem natural o homem se manifesta como ser lógico.
O homem é o único animal que representa a realidade e coloca suas finalidades. Tudo isto é manifestação do lógico.
A primeira forma da tradução lógica é a linguagem. Lógica é a sistematização da linguagem.
§3º. Riqueza especulativa (lógica) da linguagem está na manifestação de termos com significações opostas – Aufhebung. Na linguagem do homem está a logicidade do real.
Aspecto instrumental da lógica
Linguagem como resumo e codificação da realidade. Lógica como resumo e gramática do pensamento.
As formas lógicas são o que dão especificidade ao pensamento e devem significar algo em si mesmo. Não devem ser apenas um instrumento.
Em Kant há três termos: 1. o EU (o sujeito é uma forma, unidade sintética da percepção, forma vazia sem conteúdo); 2. os PENSAMENTOS (categorias que são vazias);3. as COISAS (sensibilidade do múltiplo sensível).
Para Kant o eu e o mundo ficam fora do lógico. Hegel quer, na CL, superar a tricotomia “EU x pensamentos x coisas”.
Para Hegel o pensamento não pode ser algo entre 2 formas vazias. E segundo Hegel, em Kant temos uma racionalidade puramente formal.
§7º - primeira oposição da CL: o ser e o nada.
A tarefa lógica é unificar as categorias que já estão presentes no homem. E nelas elevar o espírito à sua verdade. O homem é uma lógica vivente.
A tarefa lógica à qual Hegel se propõe é explicitar esta lógica traduzindo-a num discurso coerente à CL.

Fita 03 – B - 39:28
As determinações do pensamento: conteúdo, negação, devir. Ser, não-ser, vir-a-ser. O hegelianismo é um a refutação do eleatismo. Hegel quer retomar a Metafísica antiga através da dialética. A reação de Hegel ao empirismo dominante da filosofia moderna.
A lógica de Hegel é um discurso para além da oposição “sujeito versus objeto”.As formas lógicas não são formas do sujeito. São formas da racionalidade do real que aparecem primeiramente na nossa linguagem.
A racionalidade é do real, que só se manifesta na linguagem. A Ciência da Lógica é a linguagem nas suas articulações lógicas, na sua racionalidade fundamental. A filosofia não precisa de uma terminologia própria. A ciência precisa.
Conceito para Hegel é a Sache, é a coisa pensada na sua significação.
CL é a ciência das significações fundamentais da linguagem. Não se trata de semiologia ou semiótica (sinais). A linguagem na sua estrutura de racionalidade, de logicidade.
Hegel e o crescimento do positivismo.
Classificação dos seres.
A lógica como estudo da evolução total do pensamento.

Fita 04 – A - 49:10
Dois grandes temas dos dois prefácios:
1º Prefácio – tema da relação entre a lógica de Kant e a lógica que Hegel pretende construir – lógica transcendental kantiana versus lógica dialética de Hegel.
2º Prefácio – relação entre antropologia e lógica, entre linguagem e lógica.
1º Prefácio – A lógica de Hegel é um prolongamento da lógica de Kant. Citação de um texto do Prof. Manfredo Araújo Oliveira: Lógica transcendental e lógica especulativa. – UnB, volume Kant, 1981, pg 7 a 23. Conferências sobre Kant e Hegel. Bibliografia. Citação de Hypollite.
Desfecho do conflito entre racionalismo e empirismo. Saída salomônica de Kant. Dividindo a parte do racionalismo e a parte do empirismo. Sensação é a idéia confusa (tem conteúdo). Conceito é a sensação clara (razão fica com a clareza, mas perde o conteúdo).
Para Hegel há uma prioridade do conteúdo da razão sobre a realidade. O problema é o que seja “conteúdo da razão”.
O conteúdo da razão é o conceito. O que é o conceito. Não é a categoria aristotélica, não é a categoria kantiana, não é a ideia da razão pura de Kant.
A definição do eu penso de Kant.
Para Hegel o eu penso é uma atividade pura. O eu penso é o pensamento de pensamento, isto é, o conteúdo ou o conceito (objeto da CL).
A primeira forma do eu penso é o conceito.
Ideia absoluta – é a síntese entre lógica objetiva e lógica subjetiva.
O eu penso é ato do sujeito pensante, e é finalismo imanente do próprio pensamento. Esta é a parte mais difícil da CL.

Fita 04 – B - 40:30
No empirismo o ser fica for a do inteligível.
2º Prefácio – Problema da relação entre lógica e linguagem. Linguagem comum como ponto de partida para o desenvolvimento da lógica. Bibliografia.
Os 3 momentos do espírito teórico: psiquismo interior (intuição), a consciência (representação), razão (pensamento).
Representação como mediação entre a intuição e o pensamento. Definição de intuição. Pensamento como supressão da lógica da linguagem, sem o sinal vocal.
O pensamento é a supressão dialética da palavra da linguagem. A palavra enquanto é fala articulada, já traz dentro de si toda a lógica, toda a infinitude do pensamento.
A lógica se faz presente através da linguagem.

Fita 05 – A - 44:59
Parágrafos principais da introdução da CL – página clássica que dá um a ideia suficiente do que seja a CL - §§3-11.
Lógica é a ciência do começo absoluto. Sem pressuposições. Não há nada lógica mente pressuposto à lógica (ciência sem pressuposição). Pressuposto da lógica formal é o empirismo. Hegel: devemos atribuir à forma uma realidade intrínseca a ela mesma. A forma tem em si seu conteúdo pensável.
§12-16. Crítica kantiana: a coisa em si seria o objeto pensável, inalcançável para Kant. Forma absoluta de pensar é pensar o objeto em si mesmo. Para Kant isso não é possível.
A lógica de Hegel é o pensamento da coisa em si kantiana. E para tanto é necessário pensar as contradições da razão. O pensamento da coisa em si é contraditório. Hegel aceitou isto de Kant.
Hegel aceitou que pensar a coisa em si é pensar o contraditório, e pensar o contraditório é pensar dialeticamente.
Hegel louva Kant porque Kant descobriu a contradição dentro da própria razão. Kant descobriu a dialética da razão.
§§17-21. Natureza da lógica como ciência pura. Desafio de constituir uma ciência do pensável como tal. Uma ciência do sentido. Único desafio que valia a pena para Hegel.
A experiência que a consciência faz do seu próprio saber conduz a um saber que não é mais saber da consciência, é saber em si mesmo, é um saber absoluto.
A ciência pura pressupõe a liberação da oposição sujeito/objeto, que é a oposição da ciência.
Dentro do horizonte da oposição estão o empirismo, o racionalismo e o pensamento de Kant. Mas Kant abriu a brecha dialética da razão, a partir da qual Hegel inicia a CL.
Fita 05 – B –31:33
Ciência pura é aquela que une o pensável e o sujeito pensante, objeto e sujeito através de uma identidade. A Ciência da Lógica deve constituir aquela ciência que Kant, no fim da Crítica da Razão Pura, considerou impossível.
Lógica é a ciência da razão pura, o reino do puro pensamento, que é a verdade sem véus, ou a exposição de Deus tal como ele é na sua essência eterna antes da criação da natureza e de qualquer espírito finito: explicação desta expressão.
CL é a MF possível depois de Kant. A herdeira da MF clássica. Definição do dialético, o lógico especulativo.
§§38-41 – Lógica e Cultura. A lógica é a vida do próprio pensamento. Ela é a gramática do pensamento. Não é necessário explicitar a gramática para se falar. Não é necessário explicitar a lógica para se pensar. Apenas num momento avançado da Cultura e que se faz necessária a explicitação da lógica do pensamento, da estrutura imanente do pensamento.
Os homens falaram muito antes de explicitarem a gramática. Os homens pensaram muito antes de explicitarem a lógica. A lógica é uma necessidade do tempo que por sua vez coloca o seguinte problema: tem sentido pensar? Problema civilizatório.
Anúncio de que na próxima aula será estudada a terceira parte da lógica: a lógica subjetiva, a lógica do conceito. Introdução do conceito em geral. Estrutura do conceito: universal, particular e singular. O que é dialética.

Fita 06 – A – 14:58
Introdução ao conceito em geral. Ver também os §§ 163-193 da Enciclopédia.
§ 159. último parágrafo da lógica objetiva. Passagem da substância ao conceito. 1. lógica objetiva tem duas partes (lógica do ser e lógica da essência). 2. lógica subjetiva. Gravação interrompida.

Fita 06 – B
Não há nada gravado neste lado da fita. Não há arquivo digitalizado.

Fita 07 – A - 49:09
Teoria do conceito e da dialética. Comparação com a ideia platônica. Intuição (Platão) e gênese (Hegel).
O problema de Hegel é a produção da inteligibilidade no real. Como determinar de maneira rigorosa esta dialética da autoprodução do inteligível, ou do sentido?
As últimas páginas da teoria da essência expõem a filosofia de Spinoza. O conceito é a substância manifestando-se na sua dialética interna.
O conceito de substância segundo Spinoza: causa sui, absoluto.
O que Hegel quer explicar é a concepção da substância como coisa em si. Autocausalidade inteligível. Qualquer realidade que precise ser explicada dialeticamente, precisa ser explicada a partir dela mesma. Autocausalidade inteligível.
Como uma coisa é inteligível a partir de sua própria gênse, a partir de sua própria formação?
Relação causa e efeito. Dialética da causa-efeito.
Circularidade dialética: cada um torna-se o contrário de si mesmo sem deixar de ser o que é.
O movimento geral da gêneses do conceito.
O conceito é a explicitação da dialética da realidade efetiva
Conceito é o em-si racional que manifestou sua racionalidade ou cuja racionalidade e manifestada através da dialética.
Dinamismo da substância.

Fita 07 – B - 39:13
Conceito é a racionalidade última do real, é o seu sentido. Conceito não é abstração, deve-se afastar as noções tradicionais de conceito.
A verdade do real é a sua racionalidade, é o seu sentido.
A substância já é o conceito, mas é o conceito ainda não explicitado.
O conceito é a substância explicitada. A realidade já é o conceito, mas não explicitado. O racional é a realidade explicitada no seu sentido, na sua significação.
Para Hegel a substância se põe como outro de si mesma. E ao mesmo tempo é a relação com esse outro, que não é senão a própria substância passiva.
A substância é a negatividade que se refere a si mesma, é um sair de si mesmo no outro e retornar a si mesma.
Momento do ser-em-si. Momento do ser-para-si.
O conceito é ser-em-si e ser-para-si. É a pressuposição. É o movimento que se gera a si mesmo na sua inteligibilidade.

Fita 08 – A - 47:17
O conceito é a identidade consigo mesmo no seu oposto. A identidade na diferença. A autoprodução, a gênese do conceito.
Problema da causalidade. Conceito é a substância na sua expressão acabada, na sua dialética acabada. Conceito é a inteligibilidade do real que mostra o real na sua gênese interna, no seu desenvolvimento interno.
Explicação do termo categoria.
Hegel quer mostrar dentro da substância a emergência do conceito, do sujeito, a ultrapassagem do spinozismo.
Definição de universal em Aristóteles e em Hegel. Noções diferentes. Universal. Singular. Relação de identidade e diferenciação. O conceito é o EU. É o universal e o singular passando permanentemente um no outro. O conceito do conceito é o discurso da CL.

Fita 08 – B - 31:58
A lógica de Hegel é o desenvolvimento da lógica transcendental de Kant. O que Kant achou inalcançável para a mente humana, Hegel julgou que a tarefa da filosofi aera fazer o que Kant achou impossível de ser realizado. Hegel quis fazer da dialética transcendental uma ciência da realidade. O propósito de Hegel foi fazer da lógica transcendental uma ciência.
As críticas de Hegel a Kant. O papel da substância na filosofia de Spinoza é o mesmo papel do Eu na filosofia de Kant.
O EU PENSO de Kant. Unidade originária sintética da percepção. Não há algo antes dele. Isto é o conceito, o ser-em-si e para-si como ser posto, como algo originário, como algo que se origina de si mesmo. O próprio EU é o conceito.
§14. síntese do eu segundo Kant.
Hegel está traduzindo Kant na sua linguagem dialética (hegeliana). A supressão da imediatidade do objeto.
Lógica é a gênese da dialética do conceito ou do eu.
Ao encerrar esta aula, Padre Vaz anuncia que ainda tratará da dialética da liberdade na Filosofia do Direito.

Fita 09 – A - 47:54
§21. Conceito de Ideia. Entrelaçamento e interpenetração entre Explicação e coisa explicada. Conceito de história como sucessão temporal dotada de significação.
Lógica é a história inteligível do real, porque ela é uma sucessão que tem princípio, meio e fim. Ela se faz no discurso humano. O problema da história.
§§22-24. Sobre a pressuposição kantiana da separação entre entendimento e razão.
§ 25. Relação entre a CL e a Filosofia da Natureza e a Filosofia do Espírito.
Elogio de Hegel a Aristóteles. Fim da introdução. Divisão da lógica subjetiva, mais 5 parágrafos.

Fita 09 – B - 04:17
Proposição do modelo conceitual para se discorrer sobre alguma coisa que já está entendida: três momentos do silogismo. Curtíssimo.

Fita 10 – A - 46:53
Estrutura do conceito segundo Hegel. Divisão da dialética do conceito. Movimento geral do conceito.
A realidade mostra sua inteligibilidade, seu conceito. A realidade mostrou-se conceptualizável, trata-se de estruturar esta conceptualização.
Conceito subjetivo em geral. Universal, particular, singular que são os momentos do conceito como tal e que permitem o movimento do conceito e a passagem para o juízo e para o silogismo.
A imediatidade do conceito e a ideia que é o conceito totalmente mediatizado.
Hegel usa a mesma terminologia aristotélica, mas com sentido completamente diferente. Universal, particular e singular.
Universal – imediatidade. Particular – determinação da universalidade. Singularidade – retorno à universalidade pela mediação da particularidade. Universal, particular e singular são todos momentos do conceito.

Fita 10 – B - 23:36
Em Aristóteles, particular e singular indicam restrições do conjunto dos indivíduos. Em Hegel, não há restrições e sim autodeterminação. Definições de universal, particular e singular.
Definição de lógica.
Universalidade é a pressuposição de que fora do lógico não há nada. Entender a coisa implica procurar sua lógica.
O lógico apareceu na sua forma definitiva quando se mostrou que as oposições extrínsecas podem ser suprimidas pela identidade, o que acontece na dialética da substância, da causalidade, no fim da lógica da essência.
O que há de extrínseco no domínio do lógico é absorvido pela identidade fundamental que é o lógico, a razão, o sentido. Eu tenho que pressupor a universalidade do sentido para entender qualquer coisa. O lógico em si.
Conceito é a essência revelando-se.
Universalidade é a compenetração entre ser e essência.
Lógica mente o conceito é identidade na diferença.

Fita 11 – A - 44:56
Universal, particular e singular são determinações do conceito, são o conceito no seu autodesenvolvimento. E este autodesenvolvimento é todo imanente ao conceito.
Definição de particularidade.
Definição de singularidade - reflexão do conceito em si mesmo – o universal tornado concreto.
O conceito é o eu com a consciência de si.
Críticas a Hegel – o problema do totalitarismo.
Salto para a última parte da lógica. A dialética da ideia absoluta.
Definição de juízo e silogismo.
Juízo – explicitação do movimento do conceito.
Silogismo: o próprio movimento do conceito que tem dois momentos: 1. divisão e 2. unificação.

Fita 11 – B - 21:44
Analogia estrutural entre SABER ABSOLUTO (na Fenomenologia do Espírito) E IDÉIA ABSOLUTA (Ciência da Lógica).
Ideia absoluta: termo da CL. Método dialético manifestado na CL. Síntese da lógica objetiva e da lógica subjetiva. Ideia Absoluta: identidade explicitada do real no seu conceito. Ideia da vida, ideia do conhecimento e ideia absoluta.
Absoluto em Hegel significa apenas o fim do processo dialético, o termo do desdobramento dialético. Processo que tem toda sua razão de ser nele mesmo e que, portanto, não precisa continuar. Entrelaçamento entre ideia teórica e ideia prática.

Fita 12 – A - 45:37
Ideia Absoluta e Saber Absoluto não têm conteúdo próprio.
O conteúdo do Saber Absoluto é toda a Fenomenologia do Espírito. E o conteúdo da Ideia Absoluta é toda a CL.
Ideia Absoluta: quiasmo dialético entre Teoria e Prática.
Diferença entre a dialética marxiana e hegeliana.
Natureza da Ideia Absoluta
Definição de Método.

Fita 12 – B - 28:54
No capítulo da Ideia Absoluta não há nada de novo com respeito à lógica. O capítulo da Ideia Absoluta mostra que a Ideia Absoluta é o discurso dialético da lógica considerado como um caminho necessário do pensamento. Pois é só percorrendo este caminho é que o pensamento pode pensar algo diferente de si mesmo.
A natureza do movimento dialético. Comparação entre Hegel e Aristóteles.

Fita 13 – A - 42:03
Ideia como Método. O método dialético em Platão é um caminho através das ideias. Método como caminho: começo, processo e termo (retorno). Explicação destes três momentos.
Comparação entre Hegel e Aristóteles.
Definição de dialética: o momento, tanto analítico quanto sintético do juízo (da separação dos dois termos) pelo qual o universal inicial, a partir de si mesmo, se determina como outro de si mesmo, é o que deve ser chamado de dialética em Hegel.
Dialética é a determinação do idêntico (do mesmo) como diferente através da sua própria identidade.
(A digressão, o discurso sobre a dialética. Aqui Hegel sai do fluxo de seu teto para explicar breve e concisamente o que é a dialética)
O uso negativo da dialética na filosofia antiga.
A estrutura dialética: 1. passagem do universal imediato ao universal diferenciado (particular); 2. passagem do universal diferenciado (negação do universal ou particular) ao singular; 3. retorno à indeterminação através do singular (negação do particular- negação da negação).

Fita 13 – B - 25:40
O exemplo do problema da liberdade e sua relação com a dialética.
A liberdade como paradigma da dialética.
O silogismo do movimento dialético. O silogismo e as três premissas: 1ª premissa - momento analítico (o universal é particular); 2ª premissa - momento sintético (o particular é singular); 3ª premissa - o singular é universal. Estrutura ternária ou quaternária.

Fita 14 – A - 43:33
1. A estrutura dialética do conceito a partir do método dialético desenvolvido.
2. Dialética da forma e do conteúdo do método.
3. Estrutura circular do método (passagem da lógica para a natureza).
(Fim do capítulo da Ideia absoluta).
Singular é a identidade acabada entre forma e conteúdo. Para Hegel a realidade tem sua própria explicação e superar o extrinsecismo do racionalismo.
O método como totalidade sistemática.

Fita 14 – B - 26:21
A estruturação do sistema a partir do desenvolvimento dialético. A circularidade do método. O círculo dos círculos. A autojustificativa do conhecimento. O conhecimento verdadeiro é aquele que consegue dar razão de si mesmo. A estrutura absoluta da liberdade. A liberdade é ser-em-si (universal) e ao mesmo tempo ser-em-outro (particularizar-se). A conservação do em-si no ser-em-outro. A liberdade é a autodeterminação, é tornar-se outro sem deixar de ser o que é. Isto é o fundamento da filosofia da história (ou filosofia do espírito).
A história como progresso da consciência da liberdade.
A lógica ou a dialética é o conceito que se sabe a si mesmo. A liberdade só tem sentido como saber da própria liberdade. Só é livre quem sabe que é livre.
A liberdade tem a mesma estrutura do conceito. Analogia estrutural entre CL (dialética do conceito) e filosofia da história (dialética da liberdade). A liberdade é o conceito realizado. E o conceito é o que há de mais livre porque nada de fora se impõe a ele.
Anúncio de que a próxima aula será sobre a dialética da liberdade na filosofia do direito.

Fita 15 – A - 46:45
Análise dos textos da filosofia do direito. A Dialética da liberdade. §§5-30. Texto famoso da Filosofia do Direito (FD). Paradigma de aplicação da CL. A leitura da FD pressupõe a leitura da CL.
Introdução histórica sobre a situação da Alemanha e o convite a Hegel para ensinar na Universidade de Berlim.
Direito para Hegel é a ideia da liberdade na sua realização concreta: Filosofia da História, Filosofia da Cultura, Ética Filosófica = Espírito Objetivo.
Direito para Hegel é algo diferente do sentido técnico do Direito Romano e do uso atual.
Direito é tudo que realiza a liberdade. Filosofia do Direito é Filosofia Social.
A FD é um texto didático. Os textos da FD são textos para serem usados na aula. Diferente do texto da CL. O texto tem notas de Hegel e depois tem os adendos com as notas dos alunos. Hoje há uma edição completa de todos os cadernos de seus alunos. Porque as aulas eram ditadas. Na biblioteca da UFMG há este texto.
Na universidade de Berlim há o texto original de Hegel com notas manuscritas de Hegel e os adendos (dos alunos).
Origens históricas da FD ou origens históricas ideia hegeliana de liberdade.
FD é a crítica do Estado Moderno. À medida que o estado moderno gira em torno de dois pólos: a liberdade e as necessidades.

Fita 15 – B - 42:27
Problema do direito natural antigo e moderno. A questão da passagem da estrutura da natureza e o estado de sociedade. Fontes históricas da filosofia do direito de Hegel. Conceito de sociedade civil.

Fita 16 – A - 46:26
A liberdade é a força (gravidade) do espírito, é a determinação do espírito. Apresentação geral da estrutura da FD.
1º momento – direito abstrato – 1ª parte da FD. Como realizar a liberdade. Contrato de propriedade. A influência de Locke no primeiro momento da FD.
2º momento – moralidade – a influência de Rousseau no pensamento de Kant.

Fita 16 – B - 17:56
Desenvolvimento do 2º momento da FD – a moralidade.

Fita 17 – A - nada
Fita 17 – B - 20:48
Sobre o Prefácio da FD.
Primeira pressuposição sistemática fundamental: unidade entre conteúdo e forma no pensamento dialético. A Filosofia do Direito deve ser lida em função do sistema de Hegel. Em função da CL de Hegel.
Segunda pressuposição do Prefácio: pressuposição crítica – buscar o conceito no fenômeno, buscar a racionalidade aparente no fenômeno, a racionalidade profunda ao conceito.
Terceira pressuposição: a equação “o que é racional é efetivamente real; o que é efetivamente real é racional” explicada no §6º da Enciclopédia (2ª edição). Filosofia do Direito é a busca do efetivamente real na vida social e política.

Fita 18 – A - 44:53
Revisão do sentido da “equação”.
Quarta pressuposição – Filosofia no tempo histórico – a filosofia é o tempo captado no conceito. Filosofia como explicitação do que é racional, no tempo. Sobre o aforismo “o Rio Rhodes está aqui” Hic Rhodes hic saltus.
Quinta pressuposição – a coruja de minerva levanta vôo no crepúsculo.
Qual é a conceptualização própria para pensar a história? A dialética.
Fim do Prefácio da Filosofia do Direito.
Análise da Introdução da Filosofia do Direito (FD). Sobre a teoria hegeliana da liberdade.
A liberdade realizada. A ciência filosófica do direito é a ciência da realização histórica da liberdade, a FD é a ciência da ideia da liberdade.
Estrutura da Filosofia do Direito, o desenvolvimento da ideia da liberdade. FD é o Espírito Objetivo na Enciclopédia. Filosofia do Direito e Espírito Objetivo são a mesma coisa.
O que é a liberdade? Olhe para a História. O fio da história é a ideia da liberdade.
Liberdade é o ser outro na plena autonomia, na plena realização de si mesmo.
A obra fundamental da história é a sociedade consensual, é o meio inventado pelos homens para serem eles mesmos reconhecendo os outros. Espírito Objetivo.
Fim da introdução.
Dialética da liberdade - §§5º a 30 = texto paralelo. Enciclopédia §§469-481 = Espírito Prático – passagem do Espírito subjetivo ao Espírito Objetivo.
Definição da história como progresso na consciência da liberdade, a história como emergência sempre maior de liberdade.

Fita 18 – B - 29:44
Estrutura conceitual da liberdade. Liberdade como dialética da universalidade, particularidade e singularidade. Como a liberdade se manifesta nestes 3 momentos - §§ 5, 6 e 7.
§§8 e 9 – Determinação maior do momento da particularidade. Momento mediador. Conteúdo lógico da liberdade em cada um dos três momentos da universalidade (§10-11 / vontade imediata abstratamente universal), da particularidade (§§12-20 / vontade mediatizada – vontade reflexiva / teoria do livre arbítrio) e da singularidade (§§ vontade realizada ou ideia da liberdade).
§§25-28 – desdobramento dialético da ideia da liberdade.
§§29-30 – existência histórica da liberdade ou do direito.
A liberdade é completamente indeterminada.
A ideia kantiana de liberdade.
(Nas fitas 19 e 20 serão desenvolvidos os tópicos aqui apresentados a partir destes parágrafos indicados. Na fita 21 não há nada gravado.)

Fita 19 – A - 41:40
Desenvolvimento da singularidade. Conforme §7. Encerramento da explicação do s §§5, 6 e 7. Desenvolvimento dos §§ 8-20.
§§ 8 e 9 – O problema da liberdade e da propriedade.
§§ 10-20 – desenvolvimento da estrutura lógica da liberdade. Explicação de cada um dos parágrafos.
Fita 19 – B - 27:51
§§12-16. definição de Sistema como organização do conteúdo. Decisão: escolha e livre arbítrio.

Fita 20 – A - 42:59
Sistema do conteúdo da vontade natural: §§ 12,13,14 e 15. O livre arbítrio.

Fita 20 – B - 21:35
§§ 16, 17, 18 e 19. Dialética das pulsões dos institutos no desenvolvimento da liberdade.
Destaque para o §19 e para a nota deste §. Definição de liberdade como forma histórica de passagem dos sistemas dos instintos para o sistema do direito.
A conversa no fim da aula indica que ainda há mais algumas aulas a serem ministradas. Todavia esta é a última fita gravada. Neste conjunto de fitas há 21 fitas. Contudo não há nada gravado na fita 21.

Fita 21 – A - nada
Fita 21 – B - nada

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